Frequentemente transmitido por via sexual, o papilomavírus humano (HPV) é um DNA-vírus responsável por uma doença infecciosa conhecida como condiloma acuminado ou verruga genital. Apesar de serem conhecidos mais de 100 tipos deste vírus, apenas em torno de 20 deles são capazes de infectar o trato genital.
De acordo com seu potencial oncogênico, ou seja, sua capacidade de desenvolver neoplasias, sejam elas intra-epiteliais ou mesmo o câncer invasivo do colo uterino, vulva, vagina ou região anal, são classificados em 2 tipos:
- alto risco: subtipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, entre outros, que quando associados a outros fatores como baixa imunidade, história pregressa de outras DST, variação de parceiros, uso de drogas, etc, possuem alta correlação com as neoplasias de alto grau (será abordado num outro post).
- baixo risco: subtipos 6, 11, 42, 43 e 44, que estão associados a lesões benignas do trato genital, como o condiloma acuminado e as neoplasias intraepiteliais de baixo grau.
Condilomas acuminados são lesões verrucosas, únicas ou múltiplas, mais frequentemente encontradas na região genital do homem e da mulher mas podem também ter localização extragenital como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laringe. O diagnóstico é dado pelo exame clínico, ou pode ser confirmado por biópsia. No colo uterino as lesões subclínicas são encontradas durante exame preventivo, que inclui a colposcopia e a citologia oncótica (exame de Papanicolau), e a biópsia dirigida. Há ainda outros testes que identificam a presença do DNA viral como hibridização in situ e captura híbrida, porém as decisões quanto à conduta devem ser feitas com base nas alterações celulares encontradas pela colpocitologia oncótica. Daí a importância da realização do exame preventivo contra o câncer para todas as mulheres sexualmente ativas, independente da presença de sintomas.
São algumas as opções de tratamento, desde a aplicação de substâncias químicas (ácido tricloroacético a 80%, podoflina a 25%, imiquimod a 5%), eletrocoagulação, vaporização a laser e até mesmo cirurgia, todas tendo como objetivo principal a remoção das lesões condilomatosas. A escolha do tratamento vai depender do tamanho, localização e número das lesões. Os parceiros sexuais devem ser avaliados já que podem apresentar lesões subclínicas e, eventualmente podem ser transmissores de condiloma para outros (as) parceiros (as).
Em gestantes, devido a alterações hormonais e imunológicas próprias desta fase, os condilomas podem ser maiores e proliferarem com mais rapidez. Os tipos 6 e 11 podem provocar papilomatose na laringe de recém-nascidos mas é muito raro. O parto cesareano deve ser indicado apenas quando há obstrução do canal de parto ou quando há risco de sangramento excessivo pelo presença das verrugas. O tratamento se baseia nos mesmos princípios já mencionados, porém em gestantes está contraindicado o uso da podofilina, em qualquer fase da gestação.
Quando encontrados em crianças, até que se prove o contrário deve-se pensar em abuso sexual e serem tomadas medidas cabíveis nesta situação.
Como você pode ver, as verrugas genitais podem ser evitadas com atitudes simples como realizar seus exames periodicamente, evitar auto-medicação, manter sua imunidade equilibrada através de hábitos saudáveis de alimentação e exercícios físicos e usar preservativos nas suas relações sexuais, mesmo durante a gravidez. Porém, se você já se contaminou, o diagnóstico e tratamento são fáceis...procure seu médico.
Solange Portela, ginecologista