Anticoncepcional de emergência
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Como o próprio nome já diz, ele deve ser usado em situações de emergência. Melhor explicando, situações inesperadas ou acidentais, nas quais as mulheres ficam expostas a uma gravidez indesejada. Basicamente, são duas as principais:
-falha do método contraceptivo em uso, como nos casos em que o preservativo se rompe, quando há expulsão do DIU ou quando há esquecimento no uso dos contraceptivos orais ou injetáveis
-violência sexual
Porém, o que se pode notar é o uso cada vez mais frequente e indiscriminado dos anticoncepcionais de emergência (ACE). Há algum tempo atrás este comportamento era nitidamente mais comum entre as adolescentes, na maioria das vezes inexperientes e desinformadas sobre as questões que envolvem a saúde sexual. Hoje, mulheres adultas, que já pariram, que tem acesso a todo tipo de informação têm, inadvertidamente, feito uso dos ACE como opção de método contraceptivo de rotina.
Que ele é um método que apresenta vantagens quando usados nas indicações corretas não há dúvidas, até porque não se trata de um método abortivo como algumas pessoas pensam. Os ACE agem impedindo a fecundação, seja retardando a data da ovulação, seja modificando a consistência do muco cervical, tornando-o hostil à migração dos espermatozóides no trato genital feminino.
Porém não se pode deixar de observar alguns detalhes que se agravam quando o uso se torna abusivo. Além de efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dor mamária, não se pode esquecer que o uso inadvertido dos ACE pode fazer aumentar a exposição e incidência das DST-AIDS, uma vez que pode haver o abandono do uso de preservativos. Importante também saber que o uso repetitivo dos ACE faz com que sua eficácia fique comprometida. O índice de falha (Índice de Pearl) que calcula o número de gestações/100 mulheres que utilizam um determinado método contraceptivo por 1 ano, para os ACE é de 2%, porém, com o uso abusivo a falha será maior. Fatores determinantes para garantir a eficácia dos ACE são o prazo decorrido entre a relação desprotegida e a administração do medicamento que não deve ser maior que 5 dias e a fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra no momento. O índice de eficácia é de 75%, o que quer dizer que de cada 4 possibilidades de gravidez indesejada 3 serão evitadas.
Sem dúvida, fica claro que é muito mais seguro o uso regular de um método contraceptivo de rotina e, que o preservativo é o único método que agrega as duas funções, contracepção e prevenção das DST-AIDS. Existem hoje várias formas de apresentação dos contraceptivos, todos com baixas dosagens hormonais, sejam eles as pílulas convencionais, os injetáveis, os adesivos, os anéis vaginais e até mesmo dispositivos intra-uterinos associados a baixa dose de progesterona. Cabe a cada uma de nós, sob orientação médica, decidirmos qual deles é o mais adequado ao nosso perfil e usá-los com segurança. E, sem esquecer que a associação de qualquer um deles com o preservativo traz o benefício da proteção contra as DST, incluindo o HIV.
Solange Portela, ginecologista
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Um comentário:
Interessante os temas aqui expostos, tanto pelos temas em si, como pela forma como são abordados.
Continuação de bom desempenho.
Filipe Silva
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