O "mal" é da idade

sábado, 21 de março de 2009

São duas meninas, 16 anos. Moram em bairros e frequentam escolas diferentes, possuem estrutura familiar nem um pouco parecida uma com a outra. Em comum, além da idade e, por causa dela, a efervescência dos hormônios, as inseguranças diante do novo, o primeiro namorado, a primeira transa...são apenas duas meninas!

"...ela só quer e só pensa em namorar..."

Ambas, meio que a contra-gosto, vieram com as mães. Estas, por sua vez, de semelhante têm a preocupação com a saúde das filhas e, muitas, mas muitas diferenças nas atitudes.
Uma delas, menos favorecida do ponto de vista sócio-cultural, vê-se obrigada a trabalhar em outra cidade enquanto sua filha mora com uma tia que tem ainda menores recursos e que nunca teve atividade sexual. Foi mãe na adolescência, quando também sofreu aborto provocado por uma gravidez indesejada. Visita a filha de 15 em 15 dias, em finais de semana. Sim, eu disse "visita" já que ela própria conta que não consegue falar para a filha tudo que gostaria. Na sua última visita descobre que a filha está namorando há algum tempo mas não consegue conversar sobre o assunto, tão pouco quer se aproximar do namorado. Apenas leva a filha ao Ginecologista para saber se ela "ainda é virgem". Peço que nos deixe a sós durante a consulta mas ela não aceita. Penso que, além que querer alcançar seu objetivo de saber sobre a atividade sexual da filha, ela também não quer deixar de participar de mais um momento da vida dela (são pelo menos dois os equívocos, sem que ela se dê conta disso).
A outra mãe, esclarecida sobre o ponto de vista cultural, consciente das dificuldades e medos que a filha passa neste momento, traz a mesma à consulta para orientações sobre contracepção, uso de preservativo, doenças de transmissão sexual e realização do exame preventivo contra o câncer. Em casa o clima é de diálogo e compreensão...ela prepara sua filha para mais uma etapa da vida.

"...oh, mãe, então me ilumina, me diz

o que é ser menina..."

É claro que essas meninas, apesar de todas as semelhanças como idade, início da vida sexual, necessidade de afirmação diante de situações novas e desconhecidas, seguirão por caminhos diferentes que refletirão de forma definitiva e marcante em suas vidas. Dificuldades haverão para ambas, não há dúvida. A questão é como lidarão com elas, que crescimento haverá, que sequelas deixarão.
Não faz muito tempo, também estávamos na adolescência, sabemos o que elas sentem e pensam. Então, mães, superem seus preconceitos e suas dificuldades, reformulem suas idéias, atualizem seus conceitos e...fiquem perto de suas filhas, aproveitem melhor esses anos que, apesar de intensos, passam rápido. Aproveitem mais essa oportunidade de ver uma adolescência saudável...a adolescência da sua filha !
Não deixe que o mal seja da sua idade...

Um comentário:

O bEM viVER disse...

Pois é.

Falam tando em diálogo com os filhos, conversa franca, adolescente grávida...Mas a coragem de ser claro, falar a língua que elas entendem, por muitas vezes fica para depois. E um depois breve ou distante, a gravidez surge. Ou doenças. Porque se deve preocupar também com as doenças. E como foi colocado, passa rápido essa fase. nÃO SE PODE ESPERAR. É falar já. Se não tem coragem, leve mesmo áo ginecologista. mas que proporcione esse esclarecimento.

Lena