Menopausa

sábado, 26 de julho de 2008



Que tal se, ao invés de associá-la a depressão, tristeza e ausência de libido, você vivesse essa fase da vida com bom humor, disposição e naturalidade ?
Que tal aproveitar a maturidade e viver o amor com equilíbrio e harmonia, mantendo sua feminilidade, beleza e alegria ?
Sim, é apenas mais uma fase da vida e, como as demais, também tem seus encantos. Use a imaginação, você tem liberdade para sonhar, você conhece as sutilezas do seu coração e, para entender melhor as mudanças pelas quais está passando, converse com seu médico.
Ele vai lhe explicar que a menopausa é simplesmente a passagem do período reprodutivo para o não reprodutivo e que isso acontece por conta dos ovários que vão perdendo a capacidade de produzir o estrogênio, hormônio que regula diversas funções do corpo da mulher. A falta dele faz a menstruação ficar irregular e podem surgir as ondas de calor e a insônia. Não há uma idade exata para que isso aconteça, na maioria das vezes em torno dos 48 anos, e, muitas mulheres passam por esse período sem maiores desconfortos. Um pouco mais adiante podem surgir uma queda da sexualidade, a diminuição da lubrificação vaginal e o desânimo.
O importante nisso tudo é você saber que é possível manter uma boa qualidade de vida não só para este momento como para os anos seguintes. Tanto estes sintomas como os riscos para osteoporose e doenças cardio-vasculares podem ser controlados através da reposição hormonal que nada mais é do que a administração de estrogênios que não estão mais sendo produzidos pelos ovários.
Antes disso, faça os exames que seu médico solicitar: mamografia, exame preventivo contra câncer de colo, ultrassonografia transvaginal e mamária e exames de sangue. Dessa forma ele lhe dirá se você está apta a iniciar a reposição hormonal.
Não esqueça também de manter hábitos saudáveis como praticar exercícios físicos regularmente, ter uma alimentação equilibrada, rica em frutas e verduras, e ter muitos, mas muitos mesmo momentos de lazer, afinal você merece, você não chegou até aqui por acaso !!!

Solange Portela, ginecologista

leia mais...

A Mulher Mais Feliz do Mundo...

domingo, 20 de julho de 2008


...foi esse o titulo que Dercy Gonçalves deu a si própria.
Irreverente, muitos dizem. Corajosa nas lutas, autêntica nas idéias , inovadora nos pensamentos, expontânea nas atitudes, assim eu a defino.
Discute-se sobre sua idade, 101, 102 ou 103 anos? Que diferença faz para essa mulher que foi testemunha dos eventos e fatos históricos ocorridos durante todo um século, sendo ela própria muitas vezes protagonista de tantas mudanças, que o digam seus colegas de profissão, sua filha e netos? Que importância sua idade tem, já que ela se manteve sempre jovem nas suas atitudes e pensamentos?
As Examelias reverenciam sua memória e se orgulham da história da vida dessa brasileira, que, aos 17 anos teve que fugir de casa e trocar de nome para seguir a profissão escolhida. Ser artista naquela época envergonhava as famílias, ela disse.
O teatro brasileiro agradece, as mulheres brasileiras agradecem, o povo brasileiro agradece...
Para a "Mulher Mais Feliz do Mundo" nossos eternos aplausos.

leia mais...

domingo, 13 de julho de 2008

De Borges para Gilmar Mendes
Ou
Édipo e a Ética

Num conto de Ficções, Jorge Luís Borges nos conta a tragédia de um líder de uma conspiração política que foi traída. Ele toma a frente então das investigações sobre quem teria cometido a traição – quem quer que fosse deveria ser morto num teatro, num complô. Eis que este personagem descobre ser ele mesmo o traidor de si. Que faz ele? Cumpre o prometido, e se entrega em holocausto para ser baleado pelas costas, na Ópera.
Este conto foi posteriormente adaptado para o cinema por Bernardo Bertolucci, no filme A Estratégia Da Aranha – verdadeira obra-prima esquecida. No filme, o personagem chama-se Athos Magnani – numa evidente referência a Os Três Mosqueteiros, de Dumas –, e a trama se desenvolve com seu filho voltando a cidade natal do pai e tentando descobrir as circunstâncias de sua morte: suicídio? crime político? A inspiração do texto borgeano é obviamente o Édipo Rei, de Sófocles: o rei herói que destruiu a Esfinge é então juiz do crime de assassinato do antigo rei; descobre que o assassino é ele próprio, o juiz, e pune-se a si mesmo com igual rigor.
Borges, nesta época, confessara a Bertolucci que a inspiração havia sido também romance de Alexandre Dumas Pai, das poucas narrativas longas (ao lado de Moby Dick, de Herman Melville), que Borges admirava. Via em Athos o fiel da balança do quadrilátero que desmontou a corrupção contra o Rei de França, apesar do Rei de França. Athos, o mais velho, menos habilidoso na espada que os outros três, mas de um rigor moral que o impedia de ser seduzido por Milady de Winter (novamente). Athos, o único dos quatro que estava envolvido até o pescoço na trama que tentava derrotar – e tentava por isso mesmo e não é sem culpa que faz questão de ser ele, e não outro, a matar De Winter.
Preocupa-me como cidadão o recente golpe de estado desferido contra a Constituição, por um tribunal que tem por dever precípuo zelar pela mesma Constituição. Mas preocupa-me também como jovem psicanalista – como alguém para quem a civilização será sempre um problema biológico da espécie, cujas manifestações princeps são individuais, embora as coletivas interessem tanto quanto.
Recuso-me a interpretar o fato pelas vias individuais (seria de um mentalismo rasteiro), ou meramente institucionais. O episódio fala de nós, brasileiros, como modelo civilizatório.
Tenho para mim que o que mais admirava a Freud na peça de Sófocles não era o incesto, ou o parricídio, mas a capacidade heróica de o personagem reconhecer que cometeu esses dois crimes hediondos, punir-se, retificar-se, sem por isso perder a razão ou a vida – ao ponto de tornar-se profeta cego, como Tirésias. Isto é: a ética, o modo como a tragédia grega reencena em todas as peças (e não apenas em Antígona, como pode parecer numa visada rápida) as condições íntimas da civilização. Isto é: que o sujeito, ele próprio, seja capaz de se punir, de se reconhecer responsável pelos crimes que comete. Que se o juiz vem a ser criminoso, que se puna como tal sem intermédio de terceiros.
Outro motivo não vejo para Freud ter escolhido Rei Édipo, e não o Príncipe Hamlet (onde o complexo de édipo é muito mais evidente, e mais neurótico), para fundar a Psicanálise: Hamlet é incapaz de reconhecer-se como autor, ao menos no nível do desejo, da morte do pai – a culpa é sempre dos outros. E nisso, faz uma série de atuações patéticas, para tentar pousar de um bastião da moral que, evidentemente, não é. Édipo, tendo cometido ele próprio um crime, sem o saber, não culpa sequer aos deuses: vai se haver consigo mesmo, de modo a crescer com isso.
Não a toa, num texto de 1907 chamado “Tipos psicopáticos no palco”, Freud trata de como a psicopatia no palco serve para nos manter, na vida real, fora dela. Mas Gilmar Mendes faz da vida um palco, e nela psicopatiza. No mesmo ensaio, Freud diferencia o herói trágico do psicopático. Os de Shakespeare, incapazes de se retificar e mortos por seus próprios desejos algo sádicos, são psicopáticos; os de Sófocles, retos, fazem de seu possível crime um trampolim pra condição de heróis ou profetas, porque “cortam na própria carne”, diria o Presidente da República (que, ao arrepio dos moradores de Higienópolis, parece entender mais de tragédia grega – e de ética, portanto – do que o suposto-psicanalista dos moradores de tal bairro, Jorge Forbes).
O atual (e espero que por pouquíssimo tempo) Presidente do Supremo, quando prestes a ficar público sua relação criminosa, age como Hamlet: a culpa é do Juiz De Sanctis, do delegado Protógenes, de quem quer que seja – menos dele. E ao agir assim sua culpa fica ao mesmo tempo maior, mais visível, e menos expiada. O que poderia ser um momento de a Justiça cegar seus próprios olhos para ver melhor, prefere tentar cegar aos outros – “cegar de tanto ver”, para citar alguém tão reconvexo quanto eu, para que ninguém enxergue cousa alguma. Por graça do mecanismo de recalque e das ambivalências próprias a ordem do significante, o tiro sairá pela culatra.
A Justiça brasileira deveria ser, eticamente, a Casa da Lei. Mas ela parece ser psicótica, foracluindo dela a lei. Ou perversa: usando a lei ao seu bel-gozo, para mais-gozar. Quando sai disso, fica evidentemente neurótica, com o recente acting-out, entre outras pululantes formações do inconsciente, de Sua Excelência (por pouco tempo, espero) Gilmar Mendes.
Falta nestas plagas “ao menos um que diga sim a castração”. Algo como um certo rei, enterrado em Atenas no sec VII a.C., um dia fez...


Lucas Portela, psicólogo graduado pela UFBa, pós-graduado em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da UFBa e escritor

leia mais...

Os Contraceptivos

domingo, 6 de julho de 2008



Tudo começou em 1951, na Cidade do México, quando Luís Miramontes, um jovem estudioso da Química, sintetizou pela primeira vez a "noretindrona" ou 17 a-etinyl-19-nortestosterona que viria a ser a pílula anticoncepcional, aprovada pelo FDA (Food and Drog Administration) em 11 de maio de 1960, em Washington, EUA.
Tal acontecimento trouxe para a mulher mudanças significativas, elevando sua alto-estima, dando a ela o direito de tratar a reprodução como uma opção e não uma "obrigação" biológica.
Talvez a descoberta de maior impacto social no século XX, a pílula anticoncepcional foi vista por muitos naquela época como a causadora da Revolução Sexual.
De lá para cá vários outros estudos foram feitos e hoje dispomos de uma gama imensa de métodos contraceptivos, sejam eles químicos ou não, adaptáveis ao perfil de cada mulher.
Apesar de tanta evolução, as informações sobre esses métodos parecem não atingir as pessoas de forma efetiva. Ainda existe uma grande confusão quanto ao mecanismo de ação de cada método contraceptivo, chegando mesmo, como no caso do DIU (Dispositivo intra-uterino), a ser confundido e interpretado como método abortivo.
Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, contracepção = anticoncepção, método ou conjunto de métodos para evitar a fecundação, ou seja, se não há fecundação não há gestação logo, não há interrupção da gestação ou aborto. O DIU atua impedindo a fecundação, seja pelo efeito espermicida do cobre, seja pela sua presença física no útero obstruindo a passagem de espermatozóides para as Trompas de Falópio, seja por alterar as características do muco cervical diminuindo a motilidade dos espermatozóides.
Ainda com relação ao DIU, hoje se faz preferência pelo T de cobre com duração de 10 anos ou pelo modelo mais novo envolvido por microdosagem de progesterona, evitando assim o desconforto da irregularidade menstrual.
Outro idéia arraigada ao pensamento de muitas mulheres é a de que os contraceptivos orais provocam aumento de peso. O que há na verdade é a possibilidade de retenção hídrica em algumas mulheres, situação esta que diminui sensivelmente quando se faz opção pelos contraceptivos de baixa dosagem ou os que tem a drosperinona na sua composição, derivado da progesterona com discreto efeito diurético. A pratica regular de exercícios físicos também previne uma possível retenção hídrica.
São muitas as formas de apresentação dos contraceptivos, variando desde os orais, os adesivos, os anéis vaginais, os implantes, até os injetáveis.
A laqueadura tubária, por ser um método irreversível, deve ficar restrito aquelas mulheres que estão seguras quanto a decisão de fazê-la, levando em conta a sua idade e o número de filhos ou por indicação médica.
Os métodos de barreira como o diafragma estão hoje em desuso pelo seu alto índice de falha, ainda que acompanhado por geléia espermicida.
Diante de tantas opções, cabe ao médico analisar o perfil de cada paciente e ajudá-la a decidir sobre qual deles é o mais adequado e quais os cuidados que cada um requer, sem deixar de afirmar que o preservativo continua sendo o único método contraceptivo capaz de proteger contra as doenças sexualmente transmissíveis.
E, o principal, o melhor método é aquele com o qual a mulher se sente segura e confortável ao usá-lo, caso contrário em pouco tempo ele, o método contraceptivo, será abandonado e ela correrá o risco de uma gravidez indesejada.

Bibliografia
Houaiss Dicionário da Língua Portuguesa 2001 1a edição
A Pílula Anticoncepcional 40 anos de Impacto Social - Schering Ag. Alemanha 1a edição 2000
Ministério da Saúde

Solange Portela, ginecologista

leia mais...