Curando dores, desfazendo temores... (parte 1)

domingo, 13 de abril de 2008

Os textos que passo a publicar daqui em diante são frutos da minha experiência de 4 anos no atendimento às vítimas de violência sexual no VIVER ( Serviço de Atenção às Vítimas de Violência Sexual da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia )



"Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação"
( Mário Quintana )

A atenção médica às vítimas de violência sexual visa não somente promover a prevenção da gravidez indesejada e profilaxia das DST-AIDS, procedimentos estes, sem dúvida, de suma importância para restabelecer a integridade física e emocional de cada indívíduo que busca ajuda em serviços especializados. Ultrapassando os limites dos conhecimentos técnicos e dados epidemiológicos, o atendimento médico requer cuidados especiais voltados para as individualidades de cada um deles.

Para os profissionais médicos cada relato das situações pelas quais passam nossos clientes significa um novo aprendizado, onde devemos estar atentos aos detalhes do ocorrido e às emoções a nós transmitidas. Importantíssimo nos despirmos de pudores e preconceitos que possam influir de forma negativa nas orientações dadas e procedimentos a serem adotados.
É imprescindível que o cliente se sinta acolhido e respeitado para que alcancemos êxito no nosso objetivo maior que é o restabelecimento da saúde integral das pessoas que nos procuram.
Cada indivíduo deve receber informações claras e precisas sobre as medicações a serem usadas, assim como os riscos e benefícios aos quais ele está sujeito. Deve saber também que ele tem o direito de não querer usá-las, mas cabe a nós médicos orientá-los para que esta decisão seja tomada de forma consciente. Não podemos esquecer que essas pessoas estão passando por momentos especialmente difíceis e inesperados, precisando, portanto, do nosso apoio e nossa compreensão.
Diante do exposto, fica claro que o atendimento médico às vítimas de violência sexual apresenta peculiaridades próprias, fugindo à rotina da prática médica convencional.

Solange Portela, ginecologista

Valéria Macedo, ginecologista

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